Olá, olá!
Que Dia Nacional do
Estudante tão atípico! Não achas?
Sabes por que motivo foi
decretado? E quando?
Lê aqui, para que fiques informado:
Este dia
foi decretado pela Assembleia da República Portuguesa em 1987.
Além de um
dia de comemoração, é um dia de luta e de homenagem, já que a data é
celebrada pelo movimento estudantil nacional, de forma a relembrar as
dificuldades e obstáculos que os estudantes enfrentaram na década de 60,
aquando da crise académica vivida em Portugal.
A 17 de abril de 1969, a Universidade de Coimbra estava a inaugurar o Departamento de Matemática e o
Presidente da República da época, Américo Thomaz, seguiu para a capital dos
estudantes na companhia do Ministro da Educação, José Hermano Saraiva, numa época em que
a contestação estudantil estava ao rubro. Quando a comitiva lá chegou foi
recebida por um mar de capas negras com cartazes, em protesto. Estavam nas ruas
e nas faculdades e não havia forma de o regime as ignorar.
Américo Thomaz entrou no
edifício e discursou perante um público de apoiantes; os estudantes
foram mantidos fora da Sala 17 de Abril, onde a reunião estava a acontecer. No
final do discurso, o Presidente da Direção-Geral da Associação Académica de
Coimbra (Alberto Martins, hoje um destacado militante do PS, ex-ministro da
Justiça) subiu, para cima de uma cadeira, com a capa aos ombros e disse: “Em nome
dos estudantes de Coimbra, peço a palavra”. A palavra não lhe foi dada: atrapalhado, o
Presidente da República introduziu o discurso do Ministro
das Obras Públicas e a sessão terminou logo a seguir. Foi a gota de água: as
vaias que acompanharam a saída da comitiva marcaram o início da Crise
Académica de 1969.
Ainda a 17 de abril, Alberto
Martins foi detido e passou a noite na cadeia. A comunidade estudantil preparou-se para agir, mas fê-lo, a partir de 22 de abril, quando oito estudantes da
Universidade de Coimbra foram suspensos e proibidos de assistir às aulas. A
Assembleia Magna decretou luto académico e as aulas foram substituídas por
reuniões e debates, precisamente, na sala nova da Universidade.
O governo
considerava as ações dos estudantes como uma “onda de anarquia que tornou
impossível o funcionamento das aulas”. E, apesar de os meios de comunicação
social estarem proibidos de escrever, falar ou mostrar o que se passava em
Coimbra, alguns conseguiram fazê-lo subtilmente. Foi o caso do Diário
de Coimbra, que usou recursos estilísticos para explicar algumas intervenções que
os estudantes estavam a levar a cabo no centro da cidade.
A celebração desta data pretende, ainda, apelar à participação e
mobilização dos estudantes em prol de um novo modelo de educação: uma educação
de e para todos/as. O direito à educação é um direito basilar da nossa sociedade,
consagrado constitucionalmente e que requer o envolvimento de todos/as. A
data lembra ainda que o estudante é um pilar da sociedade.
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