Uma das maiores aventuras do século XVI iniciou-se no dia 8 de agosto do
ano da graça de 1519, quando o navegador Fernão de Magalhães (1480-1521),
apoiado pela monarquia espanhola, comandou a primeira expedição que deu a volta
ao mundo.
Embora, o navegador português não tenha terminado a viagem por ter sido
atingido mortalmente nas Filipinas, a expedição prosseguiu e o seu ousado
objetivo foi alcançado mesmo depois de algumas mortes de marinheiros e de
perdas de embarcações.
Antonio de Pigafetta (1480 ou 1491-1534), um dos poucos sobreviventes,
referiu no seu diário de bordo que esta aventura teve mais momentos de
adversidades e milagres do que de marcha vitoriosa.
De Sevilha (Espanha) zarparam 5 caravelas de três mastros, com um total 240
homens a bordo, para a primeira viagem de circum-navegação à Terra:
- Trinidad, a Nau-capitania ou Navio-Almirante, porque nela
seguia Fernão de Magalhães, o comandante da expedição, tinha uma tripulação de
62 homens. Após a morte de Magalhães, foi queimada pelos Portugueses nas ilhas
Molucas.
– Victoria, com 45 homens a bordo, foi o
único navio que concluiu a volta ao mundo, iniciada três anos antes.
- San Antonio com uma
tripulação de 55 homens, era a maior nau da armada e transportava a
maior parte dos mantimentos. Sob o comando de Jerónimo Guerra abandonou a
expedição no estreito de Magalhães e aportou em Sevilha no início de maio de
1521.
- Concepción com 44 homens embarcados,
foi queimada por falta de homens para a manobrar, após a morte de Magalhães.
- Santiago com uma
equipa de 75 homens comandados por Juan Serrano e era o navio mais pequeno da
frota. Naufragou, no final do inverno, durante uma viagem de exploração da
Patagónia (Argentina).
A viagem começou sem grandes dificuldades, embora tenham enfrentado uma
terrível tempestade à passagem pelas ilhas de Cabo Verde. Em março de 1520,
Magalhães e seus homens aportavam à baía de San Julián, na Argentina.
Além das contratempos próprios dos oceanos, a expedição também enfrentou
revoltas internas, em que os comandantes dos outros navios planeavam
trair capitão-mor, Fernão de Magalhães, que acabou por mandar
decapitar Gaspar de Quesada, o capitão da Concepción e, depois, abandonou Juan
de Cartagena, o antigo capitão da San Antonio. Apesar do naufrágio do navio
Santiago, como atrás se referiu, os restantes navegaram pelo Pacífico e
chegaram ao Arquipélago de Saint-Lazare – as atuais Filipinas – a 27 de março
de 1521, onde Fernão de Magalhães foi atingido por uma seta envenenada, no dia
27 de abril de 1521, lançada por um nativo, segundo relatos da época. Mas as
perdas não se ficaram por aqui: em maio de 1521, a Concepción foi incendiada e,
em 18 de dezembro, a Trinidad afundou. Nessa altura, a fome começou a atingir a
expedição. Segundo Pigafetta escreveu “Nós só comíamos bolachas velhas, já
feitas em pó e cheias de vermes, fedendo a urina de rato”. Com a fome e a falta
de vitaminas, o escorbuto espalha-se entre a população.